Presteza da intuição, raio imune por essência, não por contingência, ímpeto de asa apagando o peso do desalento, fluidas vozes, radiantes, obscuras, confundidas ao ponto de abolir toda possível separação…
Se a poesia fosse um luxo, talvez nunca a teríamos encontrado; mas ela é tudo salvo isso, nunca tão asperamente necessária do que nesse inicio de século, onde de toda parte investe-se no desumano, onde a integridade mesmo do ser encontra-se ameaçada, agredida de fora e minada de dentro…Ela sim, e ela só, humilde e altiva, rugosa e sutil, cumpre o dever e tem o poder de libertar o segmento de altitude em nós contido e retido, durante aqueles poucos porém soberbos instantes pelos quais não há limite nem medida e que fazem de cada um de nos mais, muito mais do que a soma das suas pobres partes…
LES CONFINS 